Estudos publicados na NCBI (National Center for Biotechnology Information – USA) – US National Library of Medicine – National Institutes of Health, e também divulagados por meio do site da ANVISA, através Gerência de Farmacovigilância, alertam para o aumento do risco de câncer de pele não-melanoma (carcinoma basocelular e carcinoma de células escamosas) com o uso acumulativo de hidroclorotiazida, diurético amplamente utilizado (isoladamente ou em associação com outros fármacos) para o tratamento da hipertensão arterial bem como para o controle de edemas.
É algo muito sério, pois trata-se de um evento adverso grave que pode levar ao óbito caso não identificado e tratado de forma rápida.
Por se tratar de um medicamento de amplo uso, é importante que esta matéria seja divulgada entre os profissionais da saúde e também para o alerta da população.
Histórico do uso da hidroclorotiazida e o câncer de pele
Dados de estudos epidemiológicos demonstraram uma associação dose-dependente cumulativa entre hidroclorotiazida e o câncer de pele não-melanoma. Um estudo [1] incluiu uma população composta por 71.533 casos de carcinoma basocelular e de 8.629 casos de carcinoma de células escamosas pareados a 1.430.833 e 172.462 controles populacionais, respectivamente. Uma relação dose-resposta cumulativa clara foi observada tanto para o carcinoma basocelular como para o carcinoma de células escamosas. Outro estudo [2] [quote_center]mostrou uma possível associação entre câncer de lábio e a exposição à hidroclorotiazida. Ações fotossensibilizadoras da hidroclorotiazida podem atuar como um possível mecanismo para a doença.[/quote_center]
Com base em avaliação realizada pela Anvisa e levando-se em conta as informações divulgadas por autoridade sanitária estrangeira [3] foi considerada plausível a associação entre o aumento do risco de câncer de pele não-melanoma e o uso a longo prazo de medicamentos contendo hidroclorotiazida.
Recomendações da Agência
A Anvisa veio a público solicitar para que os profissionais de saúde informem aos pacientes tratados com hidroclorotiazida sobre o risco de câncer de pele não-melanoma, especialmente aqueles pacientes que já fazem uso a longo prazo do fármaco. Os pacientes devem ser orientados a verificar regularmente a sua pele quanto a novas lesões e a notificar imediatamente ao profissional quaisquer lesões cutâneas suspeitas.
[quote_center]A Agência ainda orienta que o tratamento não deve ser interrompido sem antes consultar o médico.[/quote_center]
Lesões cutâneas suspeitas devem ser prontamente examinadas, incluindo exame histológico de biópsias. Medidas preventivas tais como limitação da exposição à luz solar e aos raios UV, incluindo a utilização de protetores solares com alto FPS, podem adotadas no intuito de minimizar o risco de câncer de pele.
O uso de hidroclorotiazida pode ser revisto em pacientes com histórico de câncer de pele não-melanoma.
A Anvisa solicitará a inclusão em bula das novas informações de segurança para todos medicamentos que contém o princípio ativo hidroclorotiazida que ainda não possuem tais informações.
A agência ressalta que está monitorando continuamente os medicamentos e solicita aos profissionais de saúde e pacientes que notifiquem os eventos adversos ocorridos com o uso de qualquer medicamento.
A comunicação de suspeitas de eventos adversos pelos pacientes pode ser realizada por meio do Formulário de Notificação de Eventos Adversos para o Cidadão ou ainda pelos canais disponíveis para atendimento ao cidadão: Central de Atendimento ao Público e Ouvidoria.
Para o profissional de saúde, a Anvisa disponibiliza o sistema Notivisa para a realização das notificações de eventos adversos.
Sinais gerais de câncer de pele
Imagens obtidas da Sociedade Brasileira de Dermatologia
Sinais do câncer de pele não melanoma
Os sinais do câncer de pele não melanoma podem ser:
- Pequena ferida ou nódulo na pele, de cor branca, avermelhada ou rosa, que pode causar coceira;
- Ferida ou nódulo na pele, que cresce rápido e forma uma casquinha, acompanhada de secreção e coceira;
- Ferida que não sara e que sangra durante várias semanas;
- Verruga que cresce.
Câncer de pele do tipo melanoma
Os sintomas do melanoma podem ser uma pinta ou sinal escuro na pele, com bordas irregulares, acompanhados de sintomas como coceira e descamação na pele.


O melanoma maligno é o câncer de pele considerado como o mais perigoso, podendo causar tanto alterações num sinal já existente, como aumento do seu tamanho, além de alteração da sua coloração ou forma.
A principal causa do melanoma é a exposição prolongada ao sol principalmente nos hórarios com alta irradiação UVA e UVB . Por este motivo, o uso de protetor solar diariamente é de extrema importância.
Tipo menos frequente dentre todos os cânceres da pele, o melanoma tem o pior prognóstico e o mais alto índice de mortalidade. Embora o diagnóstico de melanoma normalmente traga medo e apreensão aos pacientes, as chances de cura são de mais de 90%, quando há detecção precoce da doença.
O melanoma, em geral, tem a aparência de uma pinta ou de um sinal na pele, em tons acastanhados ou enegrecidos. Porém, a “pinta” ou o “sinal”, em geral, mudam de cor, de formato ou de tamanho, e podem causar sangramento. Por isso, é importante observar a própria pele constantemente, e procurar imediatamente um dermatologista caso detecte qualquer lesão suspeita.
Tais lesões podem surgir em áreas difíceis de serem visualizadas pelo paciente, embora sejam mais comuns nas seguintes áreas:
- Mulheres: nas pernas
- Homen: nos troncos
- Ambos os sexos: pescoço e rosto
Além disso, é importante ressaltar que uma lesão considerada “normal” para um leigo, pode ser suspeita para um médico.
Tons de pele e o câncer
Pessoas de pele clara e que se queimam com facilidade quando se expõem ao sol, com fototipos I e II, possuem maior risco de desenvolver a doença. Porém, pessoas com pele morena e negra não estão livres da doença, uma vez que esta pode manifestar-se também em indivíduos negros ou de fototipos mais altos, ainda que mais raramente.
Isso porque o melanoma tem origem nos melanócitos, as células que produzem melanina, o pigmento que dá cor à pele. Normalmente, surge nas áreas do corpo mais expostas à radiação solar.
Em estágios iniciais, o melanoma se desenvolve apenas na camada mais superficial da pele, o que facilita a remoção cirúrgica e a cura do tumor. Nos estágios mais avançados, a lesão é mais profunda e espessa, o que aumenta a chance de se espalhar para outros órgãos (metástase) e diminui as possibilidades de cura. Por isso, o diagnóstico precoce do melanoma é fundamental. Embora apresente pior prognóstico, avanços na medicina e o recente entendimento das mutações genéticas, que levam ao desenvolvimento dos melanomas, possibilitaram que pessoas com melanoma avançado hoje tenham aumento na sobrevida e na qualidade de vida.
A hereditariedade também desempenha um papel central no desenvolvimento do melanoma. Por isso, familiares de pacientes diagnosticados com a doença devem se submeter a exames preventivos regularmente. O risco aumenta quando há casos registrados em familiares de primeiro grau.
Referências:
- Anvisa
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/
- Hydrochlorothiazide use and risk of nonmelanoma skin cancer: A nationwide case-control study from Denmark – https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29217346\
- Sociedade Brasileira de Dermatologia